quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O meu apagão.


No dia 10/11 último ocorreu mais um apagão, que deixou às escuras, em parte ou completamente, 18 estados. Deixando de lado as discussões (eternas) a respeito de nossa falta de estrutura, relatarei aqui a minha história nesse momento. A única coisa legal é ler ou ouvir como cada um se virou nesta situação que, se é apavorante naquele momento, depois pode render uma divertida história...

Era por volta das 22h05... Eu estava no meio de uma aula sobre energia elétrica... Em dado momento, o professor simulou que ia desligar as luzes de duas luminárias da sala. Ao aproximar os dedos do interruptor, todas as luminárias se apagam e a luz de emergência se acende. Ocorreu um blecaute.

Pelo horário, nem adiantaria esperar a luz voltar. O professor encerra a aula e todos vão embora. Deixo a ETEC/Fatec São Paulo e vou ao ponto de ônibus, numa Av. Tiradentes totalmente às escuras.

Enquanto esperava o busão, da linha 175T/10 Metrô Jabaquara, lembrei do apagão de 2001. Eu estava no Metrô Luz, em 11/03/2001, praticamente no mesmo horário, quando tudo parou. Foi um apagão (aliás foi aí que nasceu o termo), que parou mais ou menos onze estados. Por sorte, o trem estava na plataforma. Daí, foi só sair da estação e apanhar um ônibus.

No ponto, já ouvia uns burburinhos de que era outro apagão nacional. Momentos depois, por curiosidade, olhei pra trás: "Caraca!", pensei. Vi que centenas de pessoas estavam esperando ônibus. Ou seja, o metrô - a estação Tiradentes fica a poucos metros do ponto - não estava funcionando. Era mesmo um outro apagão. Êeeeita nóis...

Logo chegou o demorado 175T. Mas não deu tempo nem de pensar em ir até ele... Dezenas de pessoas pensaram antes e saíram correndo em sua direção. O ônibus, articulado, ficou quase dez minutos parado, aguardando que todos os passageiros entrassem. Deixou o ponto lotado até o talo. E eu fiquei, aguardando o próximo.

Dois conhecidos passam por mim: um colega de sala, que mora em Jandira, me pergunta se tem algum ônibus pra Lapa. Sem Luz no metrô e nos trens metropolitanos, ele teria de ir de busão mesmo pra casa. Logo passa um Lapa, que o leva para o início de sua peregrinação. O outro é o professor, o "profeta", cujos dedos iniciaram minha jornada no apagão... Ele mora no Paraíso e, após parar vários ônibus só pra perguntar se passavam por perto de lá, pegou um que sobe a Rua Augusta. Enquanto esperava o 175T, fiquei tentando ligar para meu pai e minha irmã... Mas nenhum dos dois celulares, embora tivessem sinal, não completavam a ligação. Provavelmente algum trecho que necessite de energia elétrica estava sem funcionar.

Fiquei mais um pouco no ponto e logo passa outro 175T. Desta vez não deu pra entrar muita gente, já que veio de Santana lotadaço. Sem esperanças de conseguir ir pra casa através dessa linha, começo a pensar em um caminho alternativo. O caminho "escolhido": pegar um ônibus até o Terminal Princesa Isabel e, de lá, pegar o 5106/31 Divisa Diadema. Depois, desceria no Metrô Conceição e pegaria o 175T, voltando como Metrô Santana, ou um micro da linha 5128/10 Aeroporto, pra casa.

Beleza. Plano feito, só tinha um problema: como chegar ao Terminal Princesa Isabel, se o ônibus pra lá praticamente sumiu... Fiquei mais de 40 minutos no ponto e não passou um... Mas, pra minha sorte, o milagre aconteceu: como alguns cruzamentos foram bloqueados, por falta de energia nos semáforos, uma outra linha, a 5144/10, que seguia para o Terminal, foi obrigada a passar em frente à Fatec. E foi ela mesma quem eu peguei. No caminho, passei por alguns cruzamentos. A CET estava presente, orientando o trânsito. Foi uma agradável surpresa, no meio do sumiço de outros órgãos públicos...

Chegando ao Terminal: um breu... Só se viam os letreiros eletrônicos, faróis e iluminação interna dos ônibus - além de um ou outro celular ligado. De resto, só sombras... Às 23h30, parte o ônibus da 5106/31. No caminho, fui vendo as luzes se acendendo. Não era em todas as áreas, mas alguns locais tiveram um retorno mais rápido... Chegando no Metrô Paraíso, batata: o ônibus lotou até o talo. Mas foi só lá... Depois, praticamente todas as paradas foram só para os passageiros descerem.

À 0h30 cheguei ao Metrô Conceição. Lá nem se via luz... Desci do ônibus, atravessei a avenida para o outro lado, onde peguei o micrinho da 5128. À 0h50, já estava em casa. UFA!!! Liguei o rádio a pilha e o notebook - que estava carregado - pra ver como tava o país... Mas foi por pouco tempo... Morto de cansaço, fui pra cama...

Manhã seguinte: a luz chegou durante a madrugada. Tomei banho... Tomei café... E fui pro serviço. Mais um dia começa e, pensava eu, o apagão era coisa do passado. Chegando ao trampo, pego o elevador. Na metade do caminho, a luz pisca. Um senhor aciona o alarme. Aciona o interfone, mas ninguém atende. Automaticamente, devagarzinho, o elevador desce ao 2º subsolo e, em seguida, sobe ao térreo. Saindo de dentro dele, uma das funcionárias da recepção avisa que os elevadores tiveram um problema por causa da falta de energia (Muito legal isso... Poderiam ter nos avisado antes de entrarmos nele).

O jeito, então, foi subir de escada... O único problema: eu trabalho no décimo e sexto andar. Ou seja, diferentemente da maioria das pessoas, o apagão deixou-me efeitos físicos, que foram sentidos até o final daquele dia...

domingo, 8 de novembro de 2009

"O 'Bullying' premiado"

O título deste post foi o comentário do mestre José Paulo de Andrade em seu twitter. Segue o mesmo por inteiro: "Bullying premiado: UNIBAN expulsa aluna que usava micro-vestido. Mau exemplo para uma Universidade, ainda mais em um curso de Turismo."

Ontem a Universidade Bandeirante, Uniban, divulgou que decidiu expulsar a aluna Geisy Arruda que, no último dia 22 de outubro, foi hostilizada por colegas dentro da faculdade por usar um vestido curto.

Independente do motivo, a atitude dos alunos foi de uma selvageria sem tamanho. Nada justifica esse comportamento, nada digno de seres humanos, sejam eles universitários ou não. Aliás, muito me preocupa que tipo de profissional serão esses vândalos no futuro.

No entanto, o maior erro foi a própria universidade. Ela nada mais fez do que justificar a atitude daqueles pseudo-estudantes. Um falso-moralismo ridículo.

De carona com esse assunto, li um texto muito bem feito no Blog do Luis Nassif. Segue o link para o texto, este escrito por André Araujo, intitulado "A fábrica de Alunos da Uniban": http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/11/08/a-fabrica-de-alunos-da-uniban/ . Esse texto trás a tona a discussão sobre o real compromisso dessas novas universidades, nascidas a rodo a partir dos anos 90, no que tange a difusão do conhecimento. Decisões precipitadas como essa, simplesmente nos levam a pensar quantas dessas universidades realmente se comprometem com o desenvolvimento do conhecimento e a difusão da discussão para a solução dos problemas de nosso país...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

"É um assalto!"


Acordei cedo para fazer o exame periódico. Cheguei ao local. Esperei um pouco e o médico apareceu. No entanto, houve um problema: a pessoa que deveria entregar os prontuários, atrasou. Logo, uma simples consulta, que levaria rápidos quinze minutos, levou uma hora e pouco...

Saí atrasado de lá. Mas tinha esperança de chegar a tempo na fonoaudióloga. Depois de 10 minutos no ponto, o busão chegou. O peguei me mandei. Mas, no caminho, fiz os cálculos: a consulta era 9h20, já era 9h25... Se eu chegasse às 9h55, teria de andar por cinco minutos até o consultório... Logo, 10h... A consulta termina 10h20... Esquece... Telefonei pra doutora e desmarquei... Sem muito o que fazer, resolvi aproveitar a viagem e ir até o ponto final da linha.

O ônibus que peguei para ir ao consultório era o mesmo veículo que pego pra voltar das consultas... O Apache Vip, prefixo 51423... Mesmo carro - com a tampa do painel interno na cor azul-calcinha (trash!)... Mesmo motorista... Mesma cobradora. O ponto final ficava a uns 15 minutos do ponto mais próximo ao consultório. Logo, entre a ida e a volta, o tempo não era grande... Se eu tivesse descido e feito os 20 minutos da sessão, o teria pego novamente pra voltar...

Como todo bom busólogo, logo que desci no ponto final, saquei minha máquina fotográfica da mochila. Tinha de ser rápido, pois o motorista ou o fiscal poderiam encher o saco se me vissem fotografando o veículo. Fico enrolando, procurando um ângulo legal. Atravesso a rua... Não satisfeito, volto pra calçada e coloco a câmera no bolso, esperando o melhor momento.

Enquanto isso, um senhor, baixinho, magrinho e de barba - com uma ferida embaixo do lábio -, vêm até mim. O cara, do nada, me abraça e diz: "É um assalto." Eu, aproveitando a vantagem física, dou um chega-pra-lá nele. Ele vai pra trás, rindo... Logo percebi que o sujeito estava brincando... Ele começa a falar... um monte de coisas... Quando passa o motorista de outra linha, que faz ponto final por ali, ele brinca com o cara chamando-o por um apelido. Brinca com a dona da banca, uma senhora oriental já com certa idade... E tagarelava comigo e com o mundo... E eu, pacientemente, o ouvia, esperando uma oportunidade pra tirar a foto. Ele era uma figura...

Em dado momento, passa um homem, literalmente, puxando um senhor. O Figura - o chamarei assim - cumprimenta o senhor, mas este quase não consegue estender o mão, já que o homem o puxava sem respeitar os limites dele. Logo o homem parou. Então, com muito custo o senhor estendeu a mão para o Figura. Em seguida, o homem e o senhor seguem até um banco, que fica no meio da praça. O Figura logo diz: "Aquele homem está se aproveitando daquele senhor... Ele só quer o dinheiro dele."

E, convenhamos, era o que parecia mesmo. De longe, eu notava algo esquisito na relação entre os dois. O Figura resolveu ir até onde eles estavam pra puxar um papo, tentando descobrir se sua teoria era verdadeira. Eu aproveitei a deixa e tirei a foto do 5 1423. Consegui tirar duas ainda, uma de cada lado.

O Figura voltou da sua sondagem e me disse: "Aquele homem é filho daquele senhor. Só está andando com aquele senhor pra poder pegar o dinheiro dele". Picaretagem... A olhos vistos percebe-se que o cara não tá nem aí pro pai... Filho de chocadeira...

Mas nosso amigo Figura, revoltado, vai de novo até o homem tirar satisfação. Instantes depois, o motorista e a cobradora entram pela porta de trás e liberam a da frente. Vamos começar a viagem de volta... Antes que eu subisse no ônibus, o Figura aparece dizendo: "Disse a ele que se continuasse a se aproveitar de seu pai, o denunciaria à polícia". Olhei para a praça e o homem já estava longe, arrastando o seu pai...

Eu aceno, me despedindo do Figura, o animado cidadão que não falava um português nem um pouco parecido com o que eu usei para reproduzir suas falas... Ele acenou de volta... Eu fazia meu caminho de volta e ele, com ingenuidade e inocência, seguiu seu caminho falando e marcando seu espaço na vida de outras pessoas...

domingo, 4 de outubro de 2009

ENEM...

A tentativa de venda da prova do ENEM ao "Estadão", a meu ver, também serviu para mostrar uma outra face de nossa falência educacional.

O "elemento" sequer teve a capacidade de raciocinar o que um jornal tão importante faria com tal prova... Não lhe passou pela cabeça que nenhum jornal do mundo pagaria para ter aquela prova. Nenhum jornal, mesmo que de graça, publicaria aquele conteúdo como "furo". Ou seja, ele não foi capaz de pesar a relevância e a importância daquilo que estava consigo.

Quantos de nossos jovens conseguem relativizar a importância das coisas? Será que nosso sistema educacional também não está falhando nisso?

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Frank

Anos 80... Início da Primavera... Época das flores... da alegria... e do amor. Frank estudava na 4ª série do primário. Era um garoto pacato, gente boa... Mas sua relação com os meninos da sua sala não era das melhores... Em especial nas aulas de Educação Física. Era péssimo jogador de futebol e a maioria dos garotos tirava sarro dele por isso... Na hora da escalação dos times de futebol, ele sempre sobrava... Mas, apesar de tudo, não se queixava...

Com as meninas da sala, ele não tinha muitos problemas... Elas eram indiferentes... Ele, muito tímido, não costumava falar com elas... Mas tinha um olhar especial para uma delas: a "Moreninha"... Era uma menina pacata. Também muito tímida, mas que se expressava bem. Ele falou poucas vezes com ela. Mas as poucas vezes lhe deixaram uma excelente impressão.

Certo dia, o professor de Educação Física judiou de seus pupilos... Foi uma aula só de exercícios físicos. Era um dia quente. Então Frank, que nunca foi muito fã de ginástica, saiu acabado da aula. Pra sua sorte a hora do recreio era depois da aula de Educação Física. Frank resolveu ir descansar em um morrinho ao lado do páteo. E quem estava lá? Ela, a Moreninha. Mas estava sentada, com a cabeça abaixada em cima dos joelhos erguidos, quase que dormindo. Ele achou boa a idéia e resolveu tirar a sua "siesta" de quinze minutos, sentando a alguns metros dela... No entanto, uns três minutos depois, ele sentiu que alguém havia se sentado junto - quase que colado a ele. Ele levantou a cabeça: era ela.

Frank ficou surpreso. Ela chegou lá, sentou e, logo que ele levantou a cabeça, puxou assunto. Ele não esperava nunca que ela chegasse perto... Mas nosso amigo soube aproveitar o momento. Eles conversaram durante todo o restante de intervalo... A partir daquele dia primaveril de setembro nasceu uma grande amizade...

Alguns dias depois, em uma aula de desenho, a professora deixou todos fazerem uma tarefa em grupo. Frank preferiu fazer sozinho - não que quisesse, mas evitava sentar junto dos outros garotos que, certamente, iriam encher a paciência dele. Pra sua surpresa, a Moreninha perguntou se podia se sentar com ele. Ele, feliz, disse que sim. Ficou feliz com tão agradável companhia.

Isso se repetiu mais algumas vezes e os colegas de sala já estavam suspeitando que havia algo. Uma outra vez, alguns colegas fizeram uma rodinha em torno deles e gritaram em coro: "Namorados! Namorados!" Ela, esquentada, foi à professora reclamar do comportamento dos colegas. A professora, neutra, disse apenas: "E vocês ligam?" Ela sim. Mas Frank já tirava isso de letra. Ele até já estava gostando dessa história... Era o sua primeira grande amiga e seu primeiro grande amor.

Certo dia, Frank se envolveu em um entreveiro com um outro garoto da sala, o Naldo. Um garoto passou correndo e pisou em uma poça de lama e sujou a calça de Naldo, que estava de costas. Como Frank estava passando por Naldo justamente naquele momento, este pensou que fora ele quem sujou sua calça. Naldo exigiu que Frank limpasse sua calça, inclusive agarrando-o pelo braço. Frank disse que não e deu um chute na canela do outro para se livrar dele. Naldo agarrou Frank pela camisa, rasgando-a na altura do ombro direito. Uma inspetora que estava por perto viu a briga e levou os dois para a sala de aula.

Na sala, a professora foi a juíza e não quis nem saber quem estava certo ou errado. Ela decretou: Frank deveria lavar a calça de Naldo e Naldo deveria costurar a camisa de Frank. Este ouviu isso, tendo as mãos da Moreninha em seu ombro... Mesmo, a contragosto, cumpriu sua parte na sentença. No fim das contas, só a mãe de Frank lavou a calça de Naldo. A camisa ela mesma quis arrumar...

O fim do ano estava chegando... E, com ele, talvez o fim do melhor momento da vida de Frank. Nunca ele havia tido uma amiga tão fiel como a Moreninha. Para encerrar o ano letivo, houve um passeio ao Zoológico. Nesse passeio, algumas coisas curiosas aconteceram... A principal delas: a turma tentou agitar algo entre Frank e a Moreninha. Até o Naldo tentou ajudar... Mas acabou não acontecendo nada.

Nos anos 80 não tinhamos tantas possibilidades de comunicação como temos hoje... Celulares, internet... O telefone fixo era proibitivo pra muitas pessoas, já que a compra e a instalação era muito cara. Como Frank não tinha telefone e ela não morava muito perto dele, terminou o ano e ele perdeu o contato com a Moreninha...

A Primavera acabou... O Verão chegou... Mês e meio se passou... As férias de verão acabaram... E as aulas voltaram... Morrendo de saudades de sua amiga, antes mesmo de ver seu nome e observar em que sala caiu, foi atrás do nome da Moreninha e ver onde ela ficaria. Mas, infelizmente, o nome dela aparecia com um risco por cima com a nota ao lado: "Transferida". Ele ficou triste... Mas aprendeu que a vida sempre tem dessas... Nem sempre as coisas acontecem como queremos...

domingo, 20 de setembro de 2009

Mais um pouco de urbanologia...


Uma outra foto legal que encontrei no perfil do Sargento Garcia, no orkut. Essa é do bairro do Paraíso, em meados dos anos 70. A foto mostra o Viaduto Santa Generosa e, embaixo, a Av. 23 de Maio, que segue pelo centro da mesma. Na lateral direita, a Rua Vergueiro com a fábrica de cervejas - onde hoje estão dois prédios comerciais. O Centro Cultural nem existia e a estação Paraíso, aparentemente, está em construção.

A esquerda a Av. Bernardino de Campos e o acesso à ela, vindo da Av. 23 de maio. Se repararmos bem, hoje esse acesso está com mais verde do que naqueles tempos...
Uma boa semana a todos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Hoje e Ontem...






Sou fã de fotos antigas... Gosto de ver e saber como foram os lugares por onde passo hoje. E, quando possível, fotografo para guardar a imagem e mostrar às gerações futuras...


Uma das imagens antigas que eu gosto é a da Avenida 9 de Julho nos anos 70... Até fiz um dublê dela, postando as imagens do mesmo local, tanto em 1975 quanto em 2008 no meu álbum, no orkut. Ficou bacana...


Quem gosta de fotos antigas, vai deliciar-se visitando o perfil do "Sargento Garcia" no orkut. O dono do perfil, o jornalista Ádamo Bazani, guarda preciosidades tanto no que se refere a transporte - em especial ônibus - quanto ao que se refere a imagens antigas de São Paulo e de outras cidades... Imagens essas que ele vai cavucando na internet. Ele é um verdadeiro "Arqueólogo Virtual".


Uma das fotos, porém, me chamou a atenção. Ela é justamente a foto original, escaneada, da Av. 9 de Julho em 1975. A versão original é belíssima e, logicamente, muito melhor que a reprodução que está no meu álbum no orkut. Deliciem-se com ela. E, de novo: recomendo uma visita ao perfil do Sargento. Muito da história que os livros não contam está lá.

domingo, 30 de agosto de 2009

Uma idéia em prática


Há alguns dias o amigo Virgílio, em seu blog "Cidade Artefato" ( http://www.cidadeartefato.blogspot.com/ ), escreveu no post "Idéias para São Paulo (1)", de 13/08/2009, a seguinte sugestão:


"Ciclovias reversíveis: Diante da dificuldade de implantar em São Paulo um sistema de ciclovias digno do nome, a proposta aqui é identificar ruas com potencial para locomoção ciclística (relativamente planas, por exemplo) e converter uma faixa ao fluxo de bicicleta em horários de baixo movimento, especialmente fins de semana."


A prefeitura também teve essa idéia e a pôs em prática, em parte, hoje. Ela foi batizada de Ciclofaixa. Aos domingos, das 7h00 às 12h00, haverá um trajeto exclusivo ligando o Parque das Bicicletas, no Ibirapuera, ao Parque do Povo, em Pinheiros. O trajeto será feito pelo isolamento da faixa da esquerda das avenidas República do Líbano, Hélio Pelegrino e Brigadeiro Faria Lima.


O projeto, que conta também com a colaboração da Calói e do banco Bradesco, pretende extender o trajeto até o Parque Alfredo Volpi, USP e Parque Villa Lobos. Em seu discurso de inauguração, o prefeito disse que ainda há estudos da extensão do trajeto até o Parque Guarapiranga.


Milhares de ciclistas estiveram presentes para a inauguração da nova atração. Aliás, não só ciclistas, mas também patinadores usaram o corredor.


A idéia é interessante, mas devemos cobrar a prefeitura para a construção de mais ciclovias. Infelizmente não são muitos os locais onde se pode fazer isso, dentro do centro expandido. Mas construindo-as em áreas radiais, integrando a bicicleta com meios de transporte de massa, seria mais uma opção para evitar a entrada de carros dentro da área central.

Em obras...


Durante aquele período de chuvas do começo do mês, ouvi no rádio a notícia de que o Viaduto Santa Generosa, no Paraíso, iria passar por obras de "adequação geométrica". Ontem passei por lá e vi que a obra, aparentemente, não é das mais complicadas... É bom saber que algumas obras estão sendo feitas... Mostra zelo com a conservação do bem público. O problema é a duração delas...


Aproveitando que estava na região, dei uma passadinha pelo Viaduto Beneficência Portuguesa. No ano passado ele foi parcialmente fechado para obras... Situação em que se encontra até hoje. Olhando a placa ao lado da obra, vejo que a duração prevista para a mesma é de 650 dias. Será que há necessidade desta obra durar tanto tempo? Não manjo nada de engenharia ou arquitetura, mas tem muitas obras muito maiores que a daquele viaduto, que dura quase o mesmo ou até pouco mais... É quase a reconstrução do mesmo.


Acho que essa lei das licitações, que sempre privilegia o menor preço, precisa ser revisada... Tem de se avaliar não só o preço mas também a qualidade e a tempestividade. O que a cidade perde com os transtornos causados por um viaduto importante, não funcionando com sua plena capacidade, com certeza cobre o custo de uma obra mais rápida.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Lições...


Sempre se diz que o carro é como um filho... Quando é feita essa afirmação, ela se refere aos custos que se tem quando se quer manter um carro. E, convenhamos, a comparação não é a toa... O custo é muito alto em ambos os casos... Mas, às vezes, nos apegamos tanto ao veículo que a afirmação também vale para o lado sentimental... E hoje, ao me desfazer dele, senti o quanto é verdadeira essa afirmação...

O carro pode não ser um filho mas posso considerá-lo como um amigo... Um amigo que está ali... Vendo você sorrir... Você cantar... Você se estressar... Você reclamar... Você se enfurecer... Você se desesperar... Você entristecer... Vendo um monte de reações emocionais que demonstramos durante a enfadonha arte de dirigir, por consequência dela ou não... Talvez só ele, se falasse, soubesse dar o conselho certo no momento certo...

Eu, no meu (ex-)Uninho...
* lembro daquela vez que dois pneus furaram em menos de doze horas... Sem estepe na segunda vez, tomei um chá de cadeira da seguradora...

* lembro dos passeios com a galera brasílio-machadiana... Momentos hilários, como a "voltinha" quando fomos almoçar ali na região de Cotia...

* lembro daquela vez em que fomos passear com uma amiga, que se desatou a chorar, por problemas com um namorado... E só ele sabe como aquele momento foi dificil pra mim...

* lembro daquela vez que a tampa do radiador, mal fechada, escapou em plena estrada do M'Boi-Mirim... E da aventura que foi achar uma segunda tampa... Sendo que a original caiu em cima do carter...

Enfim, milhares de momentos que, se fossem enumerados, não caberiam nesse blog...

Hoje, ao sair do cartório, onde fui reconhecer firma junto com meu pai e o representante da revenda de veículos, fui me despedir daquele companheiro de várias jornadas. O rapaz, achando que eu estava indo pro ponto de ônibus errado, disse:

- Não é por aí não.
- Eu sei... Só vou me despedir - disse-lhe.

Um tapinha no capô, um discreto "boa sorte" e fui embora, com os olhos marejados em lágrimas... Minutos depois, enquanto ainda esperava o ônibus, vejo-o passar, do outro lado da rua, com meu pai e o rapaz da concessionária dentro... O rapaz, na direção, acena-me. Eu retribuo o aceno, vendo-os sumir no mar de carros daquela avenida...

Como todo o amigo nos ensina algo, meu velho e bom ex-Uninho me deixou um ensinamento... Não repetir os mesmos erros que me levaram a vendê-lo...

sábado, 22 de agosto de 2009

Ficção


Na semana que passou, foi divulgado o trailer de um novo filme nacional, que estreiará em outubro. Ele se chama "Salve Geral" e é baseado nos ataques criminosos que ocorreram no estado de São Paulo, entre maio e julho de 2006. E, como ocorreu a exaustão nesses ataques, não poderia faltar a cena de um ônibus incendiado.

O veículo utilizado no filme era um Mercedes Benz Monobloco O371U, prefixo 11156, fabricado no começo da década de 90. Esse veículo foi comprado, na mesma época, pela então Compania Municipal de Transportes Coletivos, a CMTC, pertencente à Prefeitura de São Paulo. Mas ele veio com uma novidade: era movido a gás natural, um combustível ecologicamente correto. Na época, era uma tecnologia nova e a intenção era, futuramente, implantá-la em todos os ônibus da cidade. Por ser uma tecnologia nova, e cara, somente a prefeitura encampou a idéia.
Quatro anos depois, em 1994, as linhas da CMTC foram privatizadas. Uma cooperativa de ex-funcionários da CMTC, a CCTC (Cooperativa Comunitária de Transportes Coletivos), ganhou uma das licitações e o direito de operar o lote 66. Nesse lote, estavam incluídas as linhas dos ônibus movidos a gás. Sem frota própria, a CCTC usou os próprios veículos da CMTC para operar as linhas que conquistou.

Mais quatro anos se passaram e, em 1998, a CCTC comprou veículos zero km. Alguns deles eram movidos a gás. Além dela, as viações Gatusa e Santa Madalena também investiram em veículos com essa tecnologia. Outras empresas chegaram a comprar ônibus movidos a gás antes de 1998, mas não foram tão significativas quanto esta compra, que chegou a quase oitenta veículos ao todo. Nessa época, prometeu-se tornar o gás natural combustível oficial da frota de ônibus paulistana a médio prazo. Mas ficou só na promessa...
Em 2002 a CCTC já estava fechada e praticamente todos os veículos a gás da Gatusa e da Santa
Madalena já estavam convertidos a diesel. Com o fechamento da CCTC, o 11156 e seus irmãos a gás da antiga CMTC, foram abandonados ao tempo e ao vento em algum páteo da antiga empresa pública. Os outros veículos, foram convertidos a diesel e vendidos (alguns ainda rodam em Curitiba). Curiosamente, foi nessa época que começou-se a converter os carros de passeio para rodar usando o gás natural.

Em 2004, ocorreu a licitação que escolheu as atuais operadoras privadas do sistema de transporte paulistano. Daquela época até hoje, somente dois veículos movidos a gás foram adquiridos. Ambos são da empresa Sambaíba, que opera a atual área 2. Fora esses, mais nenhum ônibus movido a gás roda em São Paulo.

Além do gás natural, outros investimentos em combustíveis ecologicamente corretos também não tiveram um final feliz em nossa cidade... Os ônibus híbridos não tiveram sequência... Os trólebus tiveram a maior parte de sua rede desativada e os veículos substituidos por outros a diesel. As redes que ficaram são modernizadas a passos de tartaruga e os novos veículos são entregues aos poucos... E o biodiesel ainda não pegou...

Em 2008, a prefeitura de São Paulo começou a leiloar as "sobras" da antiga CMTC. Entre as "sobras", estava o 11156. Ele foi arrematado e alguém o levou às telas de cinema... Onde ele virou obra de ficção... Assim como todo o dinheiro investido nessas experiências, que sempre param no meio do caminho...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Atrás das Grades


Há dez meses voltei a morar em São Paulo. E voltei a morar justamente no Jardim Aeroporto, bairro onde passei praticamente toda a minha infância... E da onde minha família partiu, em 1987, quando eu tinha 12 anos.

O local onde estou hoje fica a duas quadras do colégio onde estudei, o Ministro Calógeras. Nesse colégio, estudei do pré-primário à quinta série... Infelizmente, em boa parte desse período, não tive muitas lembranças boas. Nessa época, fui vítima do que hoje é chamado bullying - uma zombaria sem motivos... Apesar dos tempos difíceis, tive também bons momentos: consegui fazer amigos, conheci meu primeiro amor, tive professores inesquecíveis... Enfim, pessoas e acontecimentos que muito contribuiram para o que eu sou hoje.

No final de junho passado, houve uma festa junina no colégio. Como havia muito tempo que não entrava lá, resolvi prestigiar a festa. Nos anos em que estudei lá, entre as alas, haviam pequenos jardins... Não haviam portas nem grades entre as alas, com exceção dos acessos à biblioteca e à sala de música. De resto, era um lugar com um visual agradável, claro que com seus problemas, mas que transpirava liberdade.
Já hoje, o aspecto do colégio, visto pelo lado de fora, não é dos mais amigáveis... Os muros baixos e "vazados" do passado foram substituidos por muros altos, com "pontas" por cima, em alguns pontos... Muito cimento e poucas plantas... Por dentro, a coisa é pior... No final das escadas, que dão acesso às salas de aula do piso superior, haviam verdadeiros portões de ferro. Onde estavam os pequenos jardins havia uma pilha de cadeiras quebradas - sobre um piso de cimento... Alguns acessos foram fechados... O visual de liberdade ficou no passado... Decepcionado e triste com péssimo estado do colégio, fui embora...

Infelizmente, a realidade do Calógeras é só mais uma face da nossa péssima estrutura educacional. O poder público sempre procura dizer que está melhorando a qualidade do ensino público... Mas isso tem de incluir também o local onde o ensino é feito. Que vontade vai ter um aluno de ir ao colégio, se o local mais parece um presídio? Que vontade vai ter o aluno de ir ao colégio, se só o aspecto do local dá medo? Se o problema é o vandalismo, por que, ao invés de grades, não aumentar o efetivo da Guarda Municipal, cuja obrigação é justamente proteger os próprios públicos?

Educação não é só construir colégios, aumentar o número de horas de aula ou aumentar o número de professores... É preciso pensar em toda a estrutura que dê ao aluno vontade de ir e ficar no colégio. Se ele não for motivado a estar lá, podem colocar alunos em tempo integral, com dez professores, que ele não se sentirá a vontade e não vai aprender nada. Só vai pensar em voltar pra casa. Grades só motivam quem quer passar por elas...

domingo, 16 de agosto de 2009

O busólogo e o camelô...


Vida de busólogo é uma aventura... Nas minhas pernadas por aí, muitos devem se perguntar: "Por que aquele cara tá tirando foto desse ônibus?" Eu poucas vezes tive de responder essa pergunta... No começo me enrolava mais... Hoje, já tiro de letra. Um simples "É pra coleção" já resolve o problema, embora o ponto de interrogação permaneça na cabeça das pessoas: "Coleção de quê?" Mas, mesmo expressando que continuavam sem entender, ninguém nunca me fez uma segunda pergunta...

Um local legal pra se fotografar fica em frente ao Terminal Metropolitano da EMTU, no Jabaquara. Eu fico ali, no canteiro central, esperando os ônibus que vêm do centro pararem no ponto, que fica na calçada oposta. Parando lá, e se não tiver nenhum carro passando do lado: click. Embora o foco fique um pouco longe, dá pra pegar o ônibus completo. Essa mesma calçada, no entanto, é repleta de camelôs. Eles comercializam de tudo - menos aquilo que você quer comprar quando recorre a eles...

Logo no meu começo de carreira como "Photobus", em 2006, descobri esse lugar pra fotografar. No entanto, mal sabia eu, que minhas clicadas chamaram a atenção não só dos usuários de ônibus como dos próprios camelôs.

Em um daqueles sábados, um dos camelôs me viu fotografando. Desconfiado, atravessou a avenida e me perguntou: "Por que você está tirando fotos das minhas barracas?" Eu, um busólogo prevenido, seguindo recomendações de pessoas mais experientes, levei dois álbums com fotos minhas. Logo que o dono das barracas fez a pergunta, saquei os dois álbuns de dentro da mochila. Eles foram cruciais para convencê-lo de que eu não era fiscal da prefeitura.

Uma vez convencido, ele voltou à sua barraca.

Quanto a mim, fiquei mais dois minutos e me mandei.

Primeiras Tecladas

Se existe algo que eu gosto de fazer é bater perna por aí... Na maioria destas ocasiões, saimos por aí, eu, minha mochila e minha máquina fotográfica, tirando fotos de paísagens urbanas e, como faz qualquer busólogo, de ônibus... Vem daí a inspiração para o nome deste espaço.

Mas aqui não vou falar somente disso. Darei também meus pitacos em assuntos gerais, contarei causos ocorridos nas minhas pernadas, entre outras coisas... Pretendo fazer deste um espaço eclético e agradável. Só não vou prometer uma postagem regular... Mas, de todo o modo, espero que os amigos gostem.

Um abraço a todos.