domingo, 30 de agosto de 2009

Uma idéia em prática


Há alguns dias o amigo Virgílio, em seu blog "Cidade Artefato" ( http://www.cidadeartefato.blogspot.com/ ), escreveu no post "Idéias para São Paulo (1)", de 13/08/2009, a seguinte sugestão:


"Ciclovias reversíveis: Diante da dificuldade de implantar em São Paulo um sistema de ciclovias digno do nome, a proposta aqui é identificar ruas com potencial para locomoção ciclística (relativamente planas, por exemplo) e converter uma faixa ao fluxo de bicicleta em horários de baixo movimento, especialmente fins de semana."


A prefeitura também teve essa idéia e a pôs em prática, em parte, hoje. Ela foi batizada de Ciclofaixa. Aos domingos, das 7h00 às 12h00, haverá um trajeto exclusivo ligando o Parque das Bicicletas, no Ibirapuera, ao Parque do Povo, em Pinheiros. O trajeto será feito pelo isolamento da faixa da esquerda das avenidas República do Líbano, Hélio Pelegrino e Brigadeiro Faria Lima.


O projeto, que conta também com a colaboração da Calói e do banco Bradesco, pretende extender o trajeto até o Parque Alfredo Volpi, USP e Parque Villa Lobos. Em seu discurso de inauguração, o prefeito disse que ainda há estudos da extensão do trajeto até o Parque Guarapiranga.


Milhares de ciclistas estiveram presentes para a inauguração da nova atração. Aliás, não só ciclistas, mas também patinadores usaram o corredor.


A idéia é interessante, mas devemos cobrar a prefeitura para a construção de mais ciclovias. Infelizmente não são muitos os locais onde se pode fazer isso, dentro do centro expandido. Mas construindo-as em áreas radiais, integrando a bicicleta com meios de transporte de massa, seria mais uma opção para evitar a entrada de carros dentro da área central.

Em obras...


Durante aquele período de chuvas do começo do mês, ouvi no rádio a notícia de que o Viaduto Santa Generosa, no Paraíso, iria passar por obras de "adequação geométrica". Ontem passei por lá e vi que a obra, aparentemente, não é das mais complicadas... É bom saber que algumas obras estão sendo feitas... Mostra zelo com a conservação do bem público. O problema é a duração delas...


Aproveitando que estava na região, dei uma passadinha pelo Viaduto Beneficência Portuguesa. No ano passado ele foi parcialmente fechado para obras... Situação em que se encontra até hoje. Olhando a placa ao lado da obra, vejo que a duração prevista para a mesma é de 650 dias. Será que há necessidade desta obra durar tanto tempo? Não manjo nada de engenharia ou arquitetura, mas tem muitas obras muito maiores que a daquele viaduto, que dura quase o mesmo ou até pouco mais... É quase a reconstrução do mesmo.


Acho que essa lei das licitações, que sempre privilegia o menor preço, precisa ser revisada... Tem de se avaliar não só o preço mas também a qualidade e a tempestividade. O que a cidade perde com os transtornos causados por um viaduto importante, não funcionando com sua plena capacidade, com certeza cobre o custo de uma obra mais rápida.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Lições...


Sempre se diz que o carro é como um filho... Quando é feita essa afirmação, ela se refere aos custos que se tem quando se quer manter um carro. E, convenhamos, a comparação não é a toa... O custo é muito alto em ambos os casos... Mas, às vezes, nos apegamos tanto ao veículo que a afirmação também vale para o lado sentimental... E hoje, ao me desfazer dele, senti o quanto é verdadeira essa afirmação...

O carro pode não ser um filho mas posso considerá-lo como um amigo... Um amigo que está ali... Vendo você sorrir... Você cantar... Você se estressar... Você reclamar... Você se enfurecer... Você se desesperar... Você entristecer... Vendo um monte de reações emocionais que demonstramos durante a enfadonha arte de dirigir, por consequência dela ou não... Talvez só ele, se falasse, soubesse dar o conselho certo no momento certo...

Eu, no meu (ex-)Uninho...
* lembro daquela vez que dois pneus furaram em menos de doze horas... Sem estepe na segunda vez, tomei um chá de cadeira da seguradora...

* lembro dos passeios com a galera brasílio-machadiana... Momentos hilários, como a "voltinha" quando fomos almoçar ali na região de Cotia...

* lembro daquela vez em que fomos passear com uma amiga, que se desatou a chorar, por problemas com um namorado... E só ele sabe como aquele momento foi dificil pra mim...

* lembro daquela vez que a tampa do radiador, mal fechada, escapou em plena estrada do M'Boi-Mirim... E da aventura que foi achar uma segunda tampa... Sendo que a original caiu em cima do carter...

Enfim, milhares de momentos que, se fossem enumerados, não caberiam nesse blog...

Hoje, ao sair do cartório, onde fui reconhecer firma junto com meu pai e o representante da revenda de veículos, fui me despedir daquele companheiro de várias jornadas. O rapaz, achando que eu estava indo pro ponto de ônibus errado, disse:

- Não é por aí não.
- Eu sei... Só vou me despedir - disse-lhe.

Um tapinha no capô, um discreto "boa sorte" e fui embora, com os olhos marejados em lágrimas... Minutos depois, enquanto ainda esperava o ônibus, vejo-o passar, do outro lado da rua, com meu pai e o rapaz da concessionária dentro... O rapaz, na direção, acena-me. Eu retribuo o aceno, vendo-os sumir no mar de carros daquela avenida...

Como todo o amigo nos ensina algo, meu velho e bom ex-Uninho me deixou um ensinamento... Não repetir os mesmos erros que me levaram a vendê-lo...

sábado, 22 de agosto de 2009

Ficção


Na semana que passou, foi divulgado o trailer de um novo filme nacional, que estreiará em outubro. Ele se chama "Salve Geral" e é baseado nos ataques criminosos que ocorreram no estado de São Paulo, entre maio e julho de 2006. E, como ocorreu a exaustão nesses ataques, não poderia faltar a cena de um ônibus incendiado.

O veículo utilizado no filme era um Mercedes Benz Monobloco O371U, prefixo 11156, fabricado no começo da década de 90. Esse veículo foi comprado, na mesma época, pela então Compania Municipal de Transportes Coletivos, a CMTC, pertencente à Prefeitura de São Paulo. Mas ele veio com uma novidade: era movido a gás natural, um combustível ecologicamente correto. Na época, era uma tecnologia nova e a intenção era, futuramente, implantá-la em todos os ônibus da cidade. Por ser uma tecnologia nova, e cara, somente a prefeitura encampou a idéia.
Quatro anos depois, em 1994, as linhas da CMTC foram privatizadas. Uma cooperativa de ex-funcionários da CMTC, a CCTC (Cooperativa Comunitária de Transportes Coletivos), ganhou uma das licitações e o direito de operar o lote 66. Nesse lote, estavam incluídas as linhas dos ônibus movidos a gás. Sem frota própria, a CCTC usou os próprios veículos da CMTC para operar as linhas que conquistou.

Mais quatro anos se passaram e, em 1998, a CCTC comprou veículos zero km. Alguns deles eram movidos a gás. Além dela, as viações Gatusa e Santa Madalena também investiram em veículos com essa tecnologia. Outras empresas chegaram a comprar ônibus movidos a gás antes de 1998, mas não foram tão significativas quanto esta compra, que chegou a quase oitenta veículos ao todo. Nessa época, prometeu-se tornar o gás natural combustível oficial da frota de ônibus paulistana a médio prazo. Mas ficou só na promessa...
Em 2002 a CCTC já estava fechada e praticamente todos os veículos a gás da Gatusa e da Santa
Madalena já estavam convertidos a diesel. Com o fechamento da CCTC, o 11156 e seus irmãos a gás da antiga CMTC, foram abandonados ao tempo e ao vento em algum páteo da antiga empresa pública. Os outros veículos, foram convertidos a diesel e vendidos (alguns ainda rodam em Curitiba). Curiosamente, foi nessa época que começou-se a converter os carros de passeio para rodar usando o gás natural.

Em 2004, ocorreu a licitação que escolheu as atuais operadoras privadas do sistema de transporte paulistano. Daquela época até hoje, somente dois veículos movidos a gás foram adquiridos. Ambos são da empresa Sambaíba, que opera a atual área 2. Fora esses, mais nenhum ônibus movido a gás roda em São Paulo.

Além do gás natural, outros investimentos em combustíveis ecologicamente corretos também não tiveram um final feliz em nossa cidade... Os ônibus híbridos não tiveram sequência... Os trólebus tiveram a maior parte de sua rede desativada e os veículos substituidos por outros a diesel. As redes que ficaram são modernizadas a passos de tartaruga e os novos veículos são entregues aos poucos... E o biodiesel ainda não pegou...

Em 2008, a prefeitura de São Paulo começou a leiloar as "sobras" da antiga CMTC. Entre as "sobras", estava o 11156. Ele foi arrematado e alguém o levou às telas de cinema... Onde ele virou obra de ficção... Assim como todo o dinheiro investido nessas experiências, que sempre param no meio do caminho...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Atrás das Grades


Há dez meses voltei a morar em São Paulo. E voltei a morar justamente no Jardim Aeroporto, bairro onde passei praticamente toda a minha infância... E da onde minha família partiu, em 1987, quando eu tinha 12 anos.

O local onde estou hoje fica a duas quadras do colégio onde estudei, o Ministro Calógeras. Nesse colégio, estudei do pré-primário à quinta série... Infelizmente, em boa parte desse período, não tive muitas lembranças boas. Nessa época, fui vítima do que hoje é chamado bullying - uma zombaria sem motivos... Apesar dos tempos difíceis, tive também bons momentos: consegui fazer amigos, conheci meu primeiro amor, tive professores inesquecíveis... Enfim, pessoas e acontecimentos que muito contribuiram para o que eu sou hoje.

No final de junho passado, houve uma festa junina no colégio. Como havia muito tempo que não entrava lá, resolvi prestigiar a festa. Nos anos em que estudei lá, entre as alas, haviam pequenos jardins... Não haviam portas nem grades entre as alas, com exceção dos acessos à biblioteca e à sala de música. De resto, era um lugar com um visual agradável, claro que com seus problemas, mas que transpirava liberdade.
Já hoje, o aspecto do colégio, visto pelo lado de fora, não é dos mais amigáveis... Os muros baixos e "vazados" do passado foram substituidos por muros altos, com "pontas" por cima, em alguns pontos... Muito cimento e poucas plantas... Por dentro, a coisa é pior... No final das escadas, que dão acesso às salas de aula do piso superior, haviam verdadeiros portões de ferro. Onde estavam os pequenos jardins havia uma pilha de cadeiras quebradas - sobre um piso de cimento... Alguns acessos foram fechados... O visual de liberdade ficou no passado... Decepcionado e triste com péssimo estado do colégio, fui embora...

Infelizmente, a realidade do Calógeras é só mais uma face da nossa péssima estrutura educacional. O poder público sempre procura dizer que está melhorando a qualidade do ensino público... Mas isso tem de incluir também o local onde o ensino é feito. Que vontade vai ter um aluno de ir ao colégio, se o local mais parece um presídio? Que vontade vai ter o aluno de ir ao colégio, se só o aspecto do local dá medo? Se o problema é o vandalismo, por que, ao invés de grades, não aumentar o efetivo da Guarda Municipal, cuja obrigação é justamente proteger os próprios públicos?

Educação não é só construir colégios, aumentar o número de horas de aula ou aumentar o número de professores... É preciso pensar em toda a estrutura que dê ao aluno vontade de ir e ficar no colégio. Se ele não for motivado a estar lá, podem colocar alunos em tempo integral, com dez professores, que ele não se sentirá a vontade e não vai aprender nada. Só vai pensar em voltar pra casa. Grades só motivam quem quer passar por elas...

domingo, 16 de agosto de 2009

O busólogo e o camelô...


Vida de busólogo é uma aventura... Nas minhas pernadas por aí, muitos devem se perguntar: "Por que aquele cara tá tirando foto desse ônibus?" Eu poucas vezes tive de responder essa pergunta... No começo me enrolava mais... Hoje, já tiro de letra. Um simples "É pra coleção" já resolve o problema, embora o ponto de interrogação permaneça na cabeça das pessoas: "Coleção de quê?" Mas, mesmo expressando que continuavam sem entender, ninguém nunca me fez uma segunda pergunta...

Um local legal pra se fotografar fica em frente ao Terminal Metropolitano da EMTU, no Jabaquara. Eu fico ali, no canteiro central, esperando os ônibus que vêm do centro pararem no ponto, que fica na calçada oposta. Parando lá, e se não tiver nenhum carro passando do lado: click. Embora o foco fique um pouco longe, dá pra pegar o ônibus completo. Essa mesma calçada, no entanto, é repleta de camelôs. Eles comercializam de tudo - menos aquilo que você quer comprar quando recorre a eles...

Logo no meu começo de carreira como "Photobus", em 2006, descobri esse lugar pra fotografar. No entanto, mal sabia eu, que minhas clicadas chamaram a atenção não só dos usuários de ônibus como dos próprios camelôs.

Em um daqueles sábados, um dos camelôs me viu fotografando. Desconfiado, atravessou a avenida e me perguntou: "Por que você está tirando fotos das minhas barracas?" Eu, um busólogo prevenido, seguindo recomendações de pessoas mais experientes, levei dois álbums com fotos minhas. Logo que o dono das barracas fez a pergunta, saquei os dois álbuns de dentro da mochila. Eles foram cruciais para convencê-lo de que eu não era fiscal da prefeitura.

Uma vez convencido, ele voltou à sua barraca.

Quanto a mim, fiquei mais dois minutos e me mandei.

Primeiras Tecladas

Se existe algo que eu gosto de fazer é bater perna por aí... Na maioria destas ocasiões, saimos por aí, eu, minha mochila e minha máquina fotográfica, tirando fotos de paísagens urbanas e, como faz qualquer busólogo, de ônibus... Vem daí a inspiração para o nome deste espaço.

Mas aqui não vou falar somente disso. Darei também meus pitacos em assuntos gerais, contarei causos ocorridos nas minhas pernadas, entre outras coisas... Pretendo fazer deste um espaço eclético e agradável. Só não vou prometer uma postagem regular... Mas, de todo o modo, espero que os amigos gostem.

Um abraço a todos.