terça-feira, 28 de outubro de 2014

CTB-SAO: Rumo à Serra...


Depois que o tio desligou o seu rádio, a viagem ficou silenciosa. O máximo que se ouvia eram as conversas entre os passageiros. Entre elas, a do próprio tio, que falava muito alto.

Dentre os passageiros, havia um senhor deficiente visual, que sentou em um dos últimos bancos do ônibus. Uma outra passageira, que não era acompanhante dele, o guiou até seu lugar na entrada. Ela sentou alguns bancos mais a frente. E, nos dois primeiros bancos do ônibus, havia uma dupla de deficientes auditivos que foram participar de uma competição em Curitiba. E, além deles, uma série de outras vidas, um cruzamento de caminhos em um mesmo ônibus, cada uma com um destino...

Represa Capivari Cachoeira: os faixas de areia denunciam o que foi perdido de água...

O sono foi chegando e acabei caindo em breves cochiladas. Acordei da última antes da parada, na altura da região da Represa Capivari Cachoeira, ainda no Paraná. A seca que ocorre no país afetou também aquela região a olhos vistos. O nível da represa diminuiu tanto que já podíamos ver muitas faixas de areia. Eram as partes antes submersas. De todas as vezes em que voltei do Paraná, nunca tinha visto situação parecida.

Mais algumas dezenas de quilômetros a frente, chegamos ao Graal Petropen, em Pariquera-Açu, no Vale do Ribeira, já dentro do Estado de São Paulo. Descemos e fizemos uma rápida refeição. É preciso coragem pra comer bem, visto os preços caríssimos do local. O senhor deficiente visual não desceu. Preferiu ficar dentro do ônibus. A senhora que o guiou ao ônibus não esqueceu-se dele e, muito atenciosa, lhe levou um lanche. Em 20 minutos, o recreio acabou. Estávamos de volta à estrada.

Um dos tuneis em construção da duplicação da Rodovia Regis Bittencourt, dentro da Serra do Cafezal

A subida da serra - O ônibus seguiu viagem cortando vários municípios. Jacupiranga, Registro, Cajati e, por fim, Miracatu. Estávamos chegando ao pé da Serra do Cafezal. A parte duplicada já estava acabando e chegávamos ao trecho de subida com duas pistas. O afunilamento tornava o trânsito mais lento. E Muitos caminhões – lentos – seguravam e dificultavam a subida da Serra.

Nesse trajeto, pudemos ver as obras de duplicação do trecho da Rodovia Régis Bittencourt dentro da Serra do Cafezal. Nesse trecho, a maioria das construções são túneis. Alguns viadutos, que interligarão esses túneis, também começam a cortar a paisagem. Vimos também vários radares e câmeras – a maioria com placas coletoras de energia solar. E outros “trancados” dentro de gaiolas, para evitar o vandalismo ou o roubo.

Um foco de queimada na Serra do Cafezal

Os radares são uma tentativa de coibir as ultrapassagens perigosas, que são constantes e que causam a maioria dos acidentes na região. Eu vi algumas dessas ultrapassagens durante a subida. São carros e motocicletas que invadiam a faixa do sentido contrário para ultrapassar a fila de veículos lentos da subida. Muita imprudência em um trecho mais do que conhecido por conta disso.

E, por fim, presenciamos também alguns focos de queimada. Aliás, mais um, já que há alguns pontos de serra devastada. Mas, ao menos esse, não era um foco muito grande. Era concentrado em uma área específica mais para o meio da Serra. A chuva que veio depois provavelmente ajudou a apagar esse fico. 

Essas queimadas são consequência da seca, reflexo do descaso do Homem para com a Natureza. E, a cada dia, pagamos por isso...



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