domingo, 28 de outubro de 2012

Tempos modernos...

Eu queria me inscrever no curso técnico de Transporte Rodoviário da ETEC São Paulo. O prazo até que era longo, mais de um mês, que se encerrou no último dia 25 de outubro. Mas, como bom brasileiro, fui deixando... deixando... deixando.

Chegou a manhã do dia 25 e eu lembrei. “Vixe tenho de me inscrever.”, pensei. Estava no Metrô Vila Mariana, a caminho do serviço. Estava longe de qualquer lan-house. Pensei em fazê-lo no serviço. “Não. Vão me encher o saco se me pegarem visitando outro site”, pensei. Como, para o meu azar, as inscrições se encerravam às 15h00, a única alternativa a mão – literalmente – era o celular. Pois é, pela primeira vez meu “smartphone” iria mostrar a que veio.

Tenho o meu há pouco mais de um mês. Normalmente faço consultas a redes sociais, ao rastreador de itinerários da SPTrans – que quebra um enorme galho quando estou em transito – a site de notícias... Mas nunca havia usado para cadastramento, compras e coisas assim. Mas, pela necessidade, vamos lá.

Afastei-me do ponto de ônibus e fiquei encostado na saída do Metrô. As letras minúsculas e esse teclado “touch” são dureza. Eu teclava e, por conta do tamanho do meu dedo, esbarrava em outro link. E dá-lhe tocar no “voltar”. Teclo no “O” e acabo apertando o “P” junto – que é o que entra na tela. Teclar nesse teclado e sob a pressão do tempo é um saco.

Chega o ônibus. Eu subo com o celular na mão mas nem passo pela catraca. Sento no primeiro banco vago que vejo. Vou digitando com o ônibus em movimento. Meu e-mail: como faço pra colocar o “underline”? Bah, vai um que não tem underline. Repetir e-mail. Droga, só pra me fazer perder tempo. Telefone... Vou colocar o meu celular. Hum, não tem campo pra nove dígitos. Mas eu uso um celular como fixo. Então, como faz? Bom, coloquei o fixo do meu pai. Celular... Vai aquele mesmo. Pronto. Cheguei ao fim. Vamos confirmar. Epa. Faltou repetir o número do RG. E lá vou eu subindo a tela e colocando DE NOVO o número do documento.

Próxima tela. Qual curso eu iria fazer... Lá vamos nós selecionando... Um toque mais forte esbarrou em outro link. E tive de voltar refazer a escolha. Próxima página: aquele aviso de uso de pontuação extra pra quem fez todo o curso em escola pública. E eu fiz. Se nos meus tempos de colegial tivesse isso, talvez até tivesse ido para uma segunda fase de Fuvest. Próxima página: aquele maravilhoso questionário sócio-econômico. Um porre. Não dava pra seguir sem preencher essa coisa. O jeito foi ir preenchendo. Acho que deveria ser algo facultativo e não obrigatório. Mas, enfim... Fui tocando naquelas alternativas minúsculas. E em muitas tive de teclar várias vezes porque a lacuna não era preenchida. Eu até poderia aproximar mais mas teria de ficar paginando, o que, talvez, demorasse mais. Cheguei ao final. Opa outro aviso: a segunda questão não foi respondida. E tome a subir a tela. Pronto, preenchi. Agora, desço a tela para confirmar a inscrição e... Terminei!

Pra minha sorte consegui terminar tudo antes de chegar ao Ipiranga. Lá, o sinal do celular fica muito ruim. Provavelmente, se tivesse de mudar de página, já Elvis... Perderia tudo. Bom, agora vamos imprimir o boleto de pagamento. Mas, como não tinha impressora ali, o jeito foi segurar o boleto na tela do aparelho até chegar ao Banco.

Chegamos ao Ipiranga. Desci do ônibus e fui até a uma agência do banco onde tenho conta que, pra minha sorte, fica pertíssimo do serviço. Fui ao caixa automático e, com o celular em mãos, fui digitando o código de barras do boleto. Enfim, boleto pago. Logo, inscrição efetuada com sucesso. Agora é aguardar o e-mail de confirmação da inscrição, que vai para meu e-mail que não tem o tal do “underline”.

São as novas tecnologias nos salvando do eterno costume de deixar tudo para a última hora...

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