quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Aline...



Em novembro de 2011 estive em Mauá, município da Grande São Paulo. Nesse dia, fiz uma viagem em um ônibus articulado da linha Zaíra 4, da Leblon, antiga operadora da cidade. 

Nessa viagem, no banco duplo do lado direito do carro, estava sentada havia uma garota muito bonita. Era jovem, aparentava ter seus 25 anos. Ela estava sentada no banco do corredor. Eu estava do lado oposto ao dela, em um banco simples do lado esquerdo – aliás, como nos bancos dos articulados paranaenses, do lado esquerdo há somente bancos simples.

No meio do caminho, subiu um senhor. Ele passou pela catraca e se sentou ao lado da moça, no banco da janela. Do nada, ele começou a conversar com ela. Era o tipo de pessoa que quando falava, se ouvia longe... Perguntou o nome da moça. Ela, ao contrário, falava tão baixo que nem dava pra escutar.

- Aline! Bonito nome! – respondeu o “Tio”, que continuava – Tem uma música francesa com esse nome. “Aline”.

E ele foi seguindo com sua cantada, repleta de palavras bonitas e tal. Do banco solitário do outro lado esquedo do eu só ouvia e me segurava para não rir da investida dele.

Durante o trajeto, subiram dois amigos. Estes estavam empolgados, discutindo a política nacional. Ao passar a catraca, eles se sentaram no banco a frente do “Tio” e da Aline. E continuaram a debater a política nacional... Foi aquele festival de opiniões, a maioria delas repleta de chavões. E eu só ouvia... Logo, o “Tio” “amigo” da Aline entrou no meio da conversa dos dois.

Durante o papo, um dos “amigos” disse:
- Esse país é maravilhoso. Aqui plantando, tudo dá. Pode-se desperdiçar o quanto quiser que sempre vai ter mais.

Ah, aí eu não aguentei e retruquei:
- Não é assim não. É exatamente por termos tudo que temos de economizar. Essa mentalidade de que temos de gastar tudo o que temos é um dos motivos de nossas mazelas. Se queremos mudar algo por aqui, temos de começar mudando essa cultura do desperdício. Mudando essa mentalidade aqui embaixo, mudamos lá em cima. O que está lá em cima é reflexo do que há aqui embaixo.

Ah, o Tiozinho ficou maluco e começou a discutir com o “Tio” e com o outro “amigo” essa minha idéia. E enquanto eles discutiam, a Aline voltou-se pra mim e disse:

- Concordo com você. Se queremos mudar o país, temos de começar aqui embaixo mesmo.

Ah, depois desse apoio, não discuti mais nada com mais ninguém. Deixei os três “Tios” discutindo suas opiniões e a viagem foi seguiu.

Chegando ao terminal Central de Mauá, o “Tio” “amigo” da Aline ainda tentou pegar o telefone da moça. Mas sem sucesso. Ela desceu do ônibus e se misturou entre a multidão. Enquanto isso, os três “Tios” continuaram discutindo as suas conclusões a respeito dos problemas brasileiros – que, espero eu, não sejam levados a sério por ninguém.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A parte de cada um...


Hoje o comportamento do cidadão brasileiro é constantemente questionado. Para mim, e para muita gente, o comportamento dos políticos brasileiros nada mais é do que o reflexo do comportamento dos próprios eleitores. Isso deveria fazer com que o próprio cidadão refletisse a respeito de suas atitudes. Mas, infelizmente, ainda tem muita gente que teima em dar de ombros a tudo isso.

Esses dias, eu estava em um ônibus voltando pra casa. O veículo estava praticamente vazio. Em uma das paradas, entrou uma senhora. Ela passou a catraca e sentou-se em um banco próximo ao meu. Aproveitando o tempo, ela resolveu fazer uma faxina na sua bolsa. Não seria nada de mais a não ser o fato da senhora ter “confundido” o piso do coletivo com uma lixeira. Sem cerimônia, ela foi jogando (várias) embalagens de balas no chão. E não eram poucas não. Detalhe: o ônibus possuía duas lixeiras uma em cada porta de descida, onde ela poderia jogar esse lixo tão logo fosse descer. Para disfarçar, ela ainda empurrava o seu lixo com os pés para baixo dos bancos a sua frente, de modo que ninguém o visse. Mas tem a “lei do retorno”...

A senhora "esperta" logo deixou seu assento para descer no ponto seguinte. Nesse ponto, estava parado um ônibus articulado. O motorista queria parar na frente dele mas, antes de conseguir ultrapassá-lo, o articulado começou a andar. O motorista não teve espaço para parar e acabou seguindo. A senhora, logicamente, começou a reclamar com o motorista por ele não ter parado. E o pior: ela iria pegar aquele ônibus mesmo.

Eu, por dentro, achei graça. No entanto, não vai ser isso que vai conscientizá-la de que, para que as coisas melhorem neste país, os cidadãos precisam se empenhar em melhorar suas atitudes referentes àquilo que está ao seu alcance...